segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão

rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

sábado, 29 de outubro de 2011


Depois que ela permanece deitada,
aninhada contra mim,
o cabelo me fazendo cócegas no rosto.
Eu a acaricio ligeiramente,
gravando seu corpo na memória.
Quero me derreter dentro dela.
Quero absorvê-la
e andar por aí
pelo resto dos meus dias
com ela incrustada
em minha pele.
Eu quero.
Fico deitado imóvel,
saboreando a sensação
do seu corpo contra o meu.
Tenho medo de respirar
e quebrar o encanto.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011


You have found her now go and get her,
Remember to let her into your heart,
Then you can start to make it better.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cartas extraviadas


"... eu quero isso meu amor: te carregar no meu colo até o dia que tu pedir pra descer, te amar pelo resto da minha vida, confundir nossas pernas embaixo do lençol, fazer meu paletó e o teu vestido ocuparem o mesmo armário. Na alegria e na tristeza."

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão.
Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima,
[tinha de ser justo amor, meu deus?